O meu estado de espírito molda-se muito a esta música, de momento.
Há uma efemeridade tão implícita das coisas, da vida, nos nossos dias...
A imortalidade é um sonho tão volátil, tão esfumável, tão fútil...
Porque pensamos constantemente no modo flashfoward?
Porque nos acomodamos aos limites do conforto, se a satisfação advém do novo e da superação?
Não encontro o sacrifício a que o trabalho obriga.
Não encontro um caminho certo... Se existe uma bússola, a minha não é funcional neste campo inteiro, que é sempre tão grande e tão pequeno.
Sinto-me cansada das ditaduras... das conformidades e burocracias.
Não há órgão educacional absoluto que me convença de que a erudição é o caminho mais certo. E cada vez mais discordo desta formulação hierárquica de estudos. É uma assassina cinzenta, mata-me a criatividade, tira-me a liberdade, constringe-me à normalidade de tudo, padrões, horários, pensamentos... Estou tão cansada de ser esponja. Estou tão enfastiada deste novelo maçudo de matérias que tenho de engolir...
Quando tinha 6 anos não era isto que queria para mim.
Não era assim que olhava para o futuro, o adulto de mim.
Não concordo.
Não concordo e eu quero mais.
Arrisco-me a dizer que quero mais. Mas não há mais em mais lado nenhum. Só menos e menos... é uma queda vertiginosa, abissal, exponencial, a da qualidade de vida, a de existência de oportunidades e esperanças... E ninguém dos que me rodeiam parecem ver isso.
Nunca, nunca o mundo me pareceu tão feio... E nunca, nunca achei que um dia viesse a ter medo desta inexistência tão premente de humanidade, coerência e proximidade para com a realidade do outro, esteja ele próximo, nos intermédios, na distante linha do horizonte...
O que é feito da compaixão? Da humildade e entre-ajuda?
Onde existem a sinergia e a consciência?...
Eu não as vejo e por isso sinto-me perdida e cinzenta, tão cinzenta... Como uma massa de água sob uma nubla compacta. Perdi o sol... e estou nesta claridade intermédia, cinzenta, como um limbo...
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