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sábado, 20 de junho de 2015

O meu pai abandonou-me.

O meu pai abandonou-me.
Pesquei-o da selva do mundo quando tinha 16 anos. Ainda hoje, apesar de tudo, acho que tive uma das maiores sortes do mundo - recuperar elos perdidos.
E neste artigo vi espelhado, num micro ponto, toda a dôr e mal-estar que me acompanhou - e acompanha - desde sempre.
Lembro-me de vários momentos. Sim, sim (!!!), a maior parte muito tristes. No entanto lembro-me de um em particular. Nos meus 16 anos (altura em que achava que sabia muito por sentir que sempre tive de crescer depressa demais - hoje sei que à medida que o tempo passa o meu conhecimento do mundo e de mim própria é ínfimo; na verdade, o ditado grego prevalece acima de tudo - só saibamos que, DE FACTO, nada sabemos) [...] Nos meus 16 anos, pouco depois deste encontro arrasador, cataclismático, alterador irretornável da minha realidade, da da minha irmã, da da minha super mãe, da do meu pai também, LEMBRO-ME, lembro-me de desembrulhar à atabalhoada e em palavras difíceis e duras o que tinha sido e o que era aquele tempo todo sem ele, sem ele, meu pai, a mais ninguém que não ele, no vão das escadas da minha irmã... Ao qual ele ouviu, sentado ao meu lado, calado, para que no fim, fim esse que não foi fim algum, pois não se sintetiza a ausência constante dum pai e todas as suas repercurssões na 1ª pessoa em 5min - uma noite nunca chegaria - fim esse que não sei se foi interrompido ou se porque senti que algo estava estranho, fim esse que se colmatou com as palavras pseudo sábias e derradeiramente frias do meu pai. Palavras essas, passo a citar, Filha, esses são monólogos que tens de ter contigo própria.
Serão?
Desse momento até hoje, pensei e repensei, vivi com um vulto assombrante e tenebroso, tua imagem, pai, que me atormentou e violou a paz, a serenidade, a confiança, a auto-estima... e que me corrompeu umas vezes. e que me dilacerou outras tantas.
E tantas as minhas fugas aos confrontos e à sanidade de se pôr pratos limpos em mesa... porquê? Na verdade, desde aí que soube que os meus problemas de rejeição e abandono seriam irresolúveis numa caminhada conjunta. Não dá nem daria. Falta tanto, quase tudo...
E eu espero desencaminhar-me da utopia que é acreditar que apesar da anormalidade, haverá coesão na nossa relação...
Não... não a há. Sinto-me despida da vontade de continuar contigo, sinto-me oprimida pela tua voz tantas vezes, e sinto-me presa a uma relação infrutífera, numa tentativa de querer normalidade, talvez recuperar o que não tive, talvez construir um possível futuro auspicioso que floresça destes alicerces tão danados e tão sós e tristes, como um lótus radiante das profundidades turvas e lamacentas dum pântano.
Não, já não acredito... E vivi triste, profundamente triste e perturbada com tudo isto, nestes dois anos que assinalam a minha vinda para Lisboa.
Não, já não acredito. E sinto-me perdedora... mas eu sempre fui. Não sei tentar mais. Já me senti frustrada e ridícula, mimada, tôla, parva, mal educada, infantil, imatura...
Impressionante, a dualidade duma relação paternal/filial cair do céu como a nossa. Ganhei, (re)construí parte do caminho que me liga aos ancestrais - tenham sido eles quem foram, com todo o direito a sê-lo; hoje sei-lhes o nome e alguns feitos - ganhei o colosso da responsabilidade de finalmente existires, e sobretudo senti a oportunidade de saciar a ânsia de saber lidar contigo e sermos juntos. Mas seja lá o que fôr que me leva até... não a sei descrever. Sei que me falta. Não basta a vontade.
Não encontrei paz nem a realização pessoal que achei que teria. Não encontrei amor que me saiba acolher e tratar das feridas e inseguranças que o seu abandono e contínua ausência tantas vezes em mim retalharam - e que existem.
Eu não consigo.
Neste, dos vários caminhos conjuntos que traçamos na vida, neste não fui feliz e continuo a não sê-lo. E com todo o direito a dizê-lo.

domingo, 30 de novembro de 2014

Oats in the Water

O meu estado de espírito molda-se muito a esta música, de momento.
Há uma efemeridade tão implícita das coisas, da vida, nos nossos dias...
A imortalidade é um sonho tão volátil, tão esfumável, tão fútil...
Porque pensamos constantemente no modo flashfoward?
Porque nos acomodamos aos limites do conforto, se a satisfação advém do novo e da superação?
Não encontro o sacrifício a que o trabalho obriga.
Não encontro um caminho certo... Se existe uma bússola, a minha não é funcional neste campo inteiro, que é sempre tão grande e tão pequeno.
Sinto-me cansada das ditaduras... das conformidades e burocracias.
Não há órgão educacional absoluto que me convença de que a erudição é o caminho mais certo. E cada vez mais discordo desta formulação hierárquica de estudos. É uma assassina cinzenta, mata-me a criatividade, tira-me a liberdade, constringe-me à normalidade de tudo, padrões, horários, pensamentos... Estou tão cansada de ser esponja. Estou tão enfastiada deste novelo maçudo de matérias que tenho de engolir...
Quando tinha 6 anos não era isto que queria para mim.
Não era assim que olhava para o futuro, o adulto de mim.
Não concordo.
Não concordo e eu quero mais.
Arrisco-me a dizer que quero mais. Mas não há mais em mais lado nenhum. Só menos e menos... é uma queda vertiginosa, abissal, exponencial, a da qualidade de vida, a de existência de oportunidades e esperanças... E ninguém dos que me rodeiam parecem ver isso.
Nunca, nunca o mundo me pareceu tão feio... E nunca, nunca achei que um dia viesse a ter medo desta inexistência tão premente de humanidade, coerência e proximidade para com a realidade do outro, esteja ele próximo, nos intermédios, na distante linha do horizonte...
O que é feito da compaixão? Da humildade e entre-ajuda?
Onde existem a sinergia e a consciência?...
Eu não as vejo e por isso sinto-me perdida e cinzenta, tão cinzenta... Como uma massa de água sob uma nubla compacta. Perdi o sol... e estou nesta claridade intermédia, cinzenta, como um limbo...

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Lindo!


terça-feira, 2 de julho de 2013

Cansaço... Abulia.

Tenho tantas saudades tuas...
Quem me dera poder proferir estas saudades a ti...
Falar do Amor que tenho para ti...
Do coração partido que em mim deixaste...
Destruíste a cor do Mundo quando partiste...
E eu Amei-te tanto... E só sei sentir isto...
E só sei dizer as mágoas e a revolta do que ficou para trás...
Só sinto incompreensão e perplexidade perante tudo o que tens feito...
E eu só queria apagar as memórias e construir-te novamente...
Só queria entrelaçar as minhas pernas nas tuas...
Sentir o aconchego do teu abraço, a doçura do teu beijo...
O conforto do teu cheiro... A paz do teu calor...
E segredar-te ao ouvido que te Amo tanto... tanto...

Mas não. Não... Não, não, não.

Amei... Amei um outro alguém...
Que morreu ou era ilusão.
E agora encontro-me vazia, oca, sem Norte nem Sol, sem chão.
Mas respiro. E quero erguer-me destas ruínas que criaste... Dum mundo outrora nosso, apaixonado e divino...
que éramos tu e eu.

Acabou.
E de nós...
Restou Necrópole.

Seguir.



Foi com prazer que vivi...
E que desgostosamente acabou...
E com coragem olhos postos no horizonte que acabei.
Estar junto... Não é olhar um para outro... mas sim na mesma direção.
Acabou...

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Desprender

Hoje sinto-me brutalmente livre.
Desprendi-me da causa dos conflitos, do mal-estar, da quezília interior, do desrespeito... da humilhação, do Amor mentiroso.
Desprendi-me do anel no dedo, desprendi-me do compromisso,
Desprendi-me do beijo traiçoeiro, desprendi-me de palavras ocas... Desprendi-me... Desprendi-me...
Desprendi-me da agressão, desprendi-me da passividade para com o inimigo,
Desprendi-me de quem me fazia boneco de cordas...
Hoje, hoje estou dolorida, estou magoada, estou com saudade dum Amor que já houve, que perdurou e se perdeu numa história injusta...
E que levou a consciência de quem eu amei, que levou o compromisso, a intimidade dum "nós" que era sortudo, feliz, profundo...
Em prol de quê?...
Não sei...
Causa injusta e corrupta, maculada de maldade e baixeza.
Mas hoje, hoje, estou dorida... Mas estou LIVRE!
Liberdade. Liberdade. Liberdade. Eu. Eu mais o eu.
Só eu.
Progredi.
Finalmente!
Agora... Agora que dei o grito, que soltei as amarras e navego novamente, agora que saltei do ninho e voo para o horizonte, para a orla do mundo, hoje que ando, amanhã correrei, e em breve... Em breve lembrarei e redescobrirei... que eu, eu consigo voar! :)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Acredito.

Não sei o que acontecerá amanhã. Sei o que fiz e o que não fiz, o remorso e a culpa, a alegria e o êxtase... de tudo o que te dei. E o que deixei por dar. Ainda assim... Deixámos uma história a meio e por contar. Espero encontrar-te brevemente.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

The last.



What blindness, such misery that despites me, such words of trust my heart now cries. Beautifulness, we promised. Bridges of fantasy, we built. And now the wind comes, with the butterflies spring, to fade away the promises we did.

11/04/2011

Demons Inside

Às vezes sinto este ódio,
Este rancor, esta vontade de negligência,
Esta vontade de fazer mal,
Como que uma explosão de energia de dentro para fora
Para se mostrar em força, em raiva, indiferença.

Morte a isto, que me canso já…
Que dor é esta, que demónio possui as minhas mãos…!
Já me canso…
E essa Paz eterna, e a Santa Madre Igreja?
E os Padres e o Papa, e o Deus e o irmão Cristo!?
Esse que tira a cegueira, a surdez e a loucura e a paralisia!?
Leva os doentes daqui, mata-os,
Tal qual filhos bastardos mortos por asfixia?!

Sim, que se falem dos pecados e dos crimes hediondos…
Que se fale da mentira e da sofreguidão,
Dessa ganância, ostentação medonha… Que se fale alto,
Que toda a gente oiça!!

Este mundo é pecado, e não há ninguém que se safe à foice
Desse amigo de preto e corpo branco, que traz o frio e o vazio consigo…

Que se rasgue o branco de vez. Tudo é sem escrúpulos no fundo. Porque tudo é farsa e mentira.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Último lugar de paixão.

Escrever-te cartas de Amor que te são proibidas…
Amor este, paixão indecente, que não deves compreender.
Teus olhos cegos, e teu comportamento indolente…
Desmente o que sentes, este coração bate feroz,
Quer-te e não te quer… Não brinques mais,
Eu vou veloz em teu encontro quando dizes Sim,
Eu fujo de timidez de ti, vergonhas tais sabe-se lá porquê…
Estás longe de mim,
Esse cume enleva-te em gelos de palavras e gestos,
Não sei o que exprimes, dizes ou sentes,
Teu coração percebe o que requesto,
Mas tu ris-te e desapareces… Já nem sei o que vestes,
Tudo em ti é confuso,
Tudo em ti são manchas de cores e pensamentos obtusos,
E de ti… De ti guardo nada, se não uma memória, um riso…
Quando de ti quero carícias, beijos e afectos.

12 de Abril de 2011